sábado, 10 de abril de 2010

Reflexão da Liturgia de domingo, 11 de abril, Jo 20, 19-31: A Paz esteja com vocês



II DOMINGO DA PÁSCOA
11/04/2010
Ano C
At 5, 12-16
Sl 117
Ap 1, 9-11a.12-13.17-19
Jo 20, 19-31

A Paz esteja com vocês

No texto anterior ao de hoje, Maria Madalena trouxe a notícia da Ressurreição aos discípulos incrédulos. Agora é o próprio Jesus que aparece a eles. Não há reprovação nem queixa nas suas palavras, apesar da infidelidade de todos eles, mas somente a alegria e a paz que já tinha prometido no último discurso. Duas vezes Jesus proclama o seu desejo para a comunidade dos seus discípulos – “A paz esteja com vocês”. O nosso termo “paz” procura traduzir – embora duma maneira inadequada – o termo hebraico “Shalom!”, que é muito mais do que “paz”, conforme o nosso mundo a compreende. “Shalom” e palavras derivadas, ocorrem mais de 350 vezes no Antigo Testamento.

O “Shalom” é a paz que vem da presença de Deus, da justiça do Reino. É tudo que Deus deseja para todos os seus filhos e filhas. Como disse o saudoso Papa Paulo VI “A justiça e o novo nome da paz!”. O Shalom inclui tudo o que Deus quer para o seu povo! Jesus não promete a paz do comodismo, mas pelo contrário, envia os seus discípulos na missão árdua em favor do Reino, mas promete o shalom, pois ele nunca abandonará quem procura viver na fidelidade ao projeto de Deus. Podemos dizer que o Shalom tem dois aspectos inseparáveis – é dom e desafio para os cristãos. É dom, porque somente Deus pode dá-la; é desafio, pois tem que ser construído dia após dia na vida pessoal, familiar, comunitária e social de cada pessoa.

Jesus soprou sobre os discípulos, como Deus fez (o mesmo termo é usado) sobre Adão quando infundiu nele o espírito de vida (cf Gn 2,7); Jesus os recria com o Espírito Santo. Normalmente imaginamos o Espírito Santo descendo sobre os discípulos em Pentecostes, mas aquilo (relatado por Lucas em Atos) era como a descida oficial e pública do Espírito para dirigir a missão da Igreja no mundo, no plano teológico do autor. Para João, o dom do Espírito, que por sua natureza é invisível, flui da glorificação de Jesus, da sua volta ao Pai. O dom do Espírito neste texto tem a ver com o perdão dos pecados.

Mais uma vez, no primeiro dia da semana, Jesus aparece aos discípulos (notemos a ênfase sobre o Domingo – duas vezes). Esta vez, Tomé está presente. Ele representa os discípulos da comunidade joanina do fim do século, que estavam vacilando na sua fé na Ressuscitado, diante dos sofrimentos e tribulações da vida. Assim nos representa, quando nós vacilamos e duvidamos. Jesus nos fortalece com as palavras “Felizes os que acreditaram sem ter visto!”. Essa muitas vezes será a realidade da nossa fé – acreditar contra todas as aparências que o bem é mais forte do que o mal e a vida do que a morte! Somente uma fé profunda e uma experiência da presença do Ressuscitado vão nos dar essa firmeza.

Tomé confessa Jesus nas palavras que o Salmista usa para Javé (Sl 35,23). No primeiro capítulo do Evangelho de João, os discípulos deram a Jesus uma série de títulos que indicaram um conhecimento crescente de quem ele era; aqui Tomé lhe dá o título final e definitivo – Jesus é Senhor e Deus!

Nessa proclamação triunfante da divindade de Jesus, o Evangelho terminava. (O Capítulo21 é um epílogo, adicionado mais tarde). No início, João nos informou que “o Verbo era Deus”. Agora ele repete essa afirmação e abençoa todos os que a aceita baseados na fé! A meta do evangelho foi alcançada – mostrar a divindade de Jesus, para que acreditando, todos pudessem ter a vida nele.


Pe. Tomaz Hughes, SVD
Portal Católico

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