sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SACERDOTES SANTOS – Santo Cura d’Ars - S. João Maria Vianney



SÃO JOÃO MARIA VIANNEY (1786-1859)

Uma vida sob o olhar de Deus

Nascido a 8 de maio de 1786 em Dardilly, próximo de Lyon, numa família de lavradores, filho de Matthieu Vianney e Marie Beluze, João Maria Vianney tem uma infância marcada pelo fervor e pelo amor de seus pais. O contexto da Revolução Francesa exercerá forte influência sobre sua juventude: fará sua primeira confissão aos pés do grande relógio da sala de estar de sua casa, e não na igreja do povoado, e receberá a absolvição de um sacerdote clandestino.

Dois anos mais tarde, faz sua primeira comunhão num celeiro, durante uma Missa clandestina celebrada por um sacerdote rebelde. Aos 17 anos, decide responder ao chamado de Deus: “Gostaria de ganhar almas para o Bom Deus”, dirá a sua mãe, Marie Béluze. Seu pai, porém, se opõe a esse projeto durante dois anos, pois faltavam braços na lavoura familiar.

Aos 20 anos, começa a se preparar para o sacerdócio com o Abade Balley, Pároco de Écully. Em 1806, o Cura de Ecully, M. Balley, abriu uma escola para aspirantes a eclesiásticos, e João Maria foi enviado a ela. Embora fosse de inteligência mediana, seus mestres parecem nunca haver duvidado de sua vocação. Seus conhecimentos eram extremadamente limitados, resumindo-se a um pouco de aritmética, história, e geografia, tendo encontrado dificuldades especialmente no aprendizado do latim, achando-o excessivamente difícil. Um de seus companheiros, Matthias Loras, despois Bispo de Dubuque, lhe ajudava em suas lições de latim.

As dificuldades o farão crescer: passa rapidamente do abatimento à esperança, vai em peregrinação ao Sepulcro de São Francisco Régis, em Louvesc. Depois, vê-se obrigado a desertar, quando chamado a entrar para o exército para lutar na guerra na Espanha. Mas o Abade Balley saberá ajudá-lo nesses anos caracterizados por uma série de provações. João Batista retomou então seus estudos em Ecully. Em 1812, foi enviado ao Seminário de Verrieres. Estava tão mal em latim que se viu forçado a seguir o curso de filosofia em francês. Suspendeu o exame de ingresso no Seminário propriamente dito, mas em um novo exame três meses mais tarde foi aprovado. Em 13 de Agosto de 1815 foi ordenado sacerdote por Monsenhor Simon, Bispo de Grenoble. Suas dificuldades nos estudos preparatórios parecem ser devido a uma falta de flexibilidade mental ao tratar com a teoria como algo distinto da prática - uma falta justificada pela insuficiência de sua primeira escolaridade. A avançada idade com que começou a estudar e o fato de não ter mais que uma inteligência mediana não o impediram de que estivesse muito adiantado na ciência espiritual e na prática da virtude muito antes de chegar a estudá-la em abstrato.

Ordenado sacerdote, em 1815, passa uma primeira temporada como Vigário de Écully. Foi enviado a Écully como ajudante de M. Balley, que foi o primeiro a reconhecer e incentivar sua vocação, que lhe animou a perseverar quando os obstáculos em seu caminho lhe pareciam insuperáveis, que intercedeu ante os examinadores quando foi suspenso o seu ingresso no Seminário Maior, e que era seu modelo tanto como preceptor quanto protetor.

En 1818, após a morte de M. Balley, Vianney foi feito Pároco de Ars, uma Aldeia não muito longe de Lyon. Sendo enviado a Ars, ali desperta a fé de seus paroquianos com suas pregações, mas, sobretudo, com sua oração e seu estilo de vida. Sente-se pobre diante da missão que tem a realizar, mas se deixa envolver pela misericórdia de Deus. Restaura e decora a igreja, funda um orfanato, a que dá o nome de “A Providência”, e cuida dos mais pobres. Foi no exercício das funções de Pároco nesta remota Aldeia francesa que o "Cura de Ars" se fez conhecido em toda a França e no mundo cristão. Alguns anos depois de chegar a Ars, fundou uma espécie de orfanato para jovens desamparadas, o qual chamou de "A Providência" e que foi o modelo de instituições similares estabelecidas mais tarde por toda a França. O próprio Vianney instruía às meninas do orfanato ensinando-lhes o catecismo, e estes ensinamentos catequéticos chegaram a ser tão populares que por fim eram dados todos os dias na Igreja a grandes multidões. "A Providência" foi a obra favorita do "Cura de Ars", mas, embora tivesse êxito, foi encerrada em 1847, porque o Santo Cura pensava que não estava certo mantê-la frente à oposição de muita gente boa. Seu encerramento foi uma pesada prova para ele.

Mas a principal atividade do Cura de Ars foi a direção de almas. Muito rapidamente, sua reputação de confessor atrai muitos peregrinos, que vêm buscar com ele o perdão de Deus e a paz do coração. Assaltado por provações e lutas interiores, mantém seu coração bem arraigado no amor a Deus e aos irmãos; sua única preocupação é a salvação das almas. Suas aulas de catecismo e suas homilias falam sobretudo da bondade e da misericórdia de Deus.

Não estava há muito tempo em Ars quando as pessoas começaram a acudir a ele, vindas de outras paróquias, logo de lugares distantes, mais tarde de todas as partes da França, e finalmente de outros países. Já em 1835, seu Bispo lhe proibiu de assistir aos retiros anuais do Clero diocesano porque "as almas lhe esperavam ali". Durante os últimos dez anos de sua vida, passou de dezesseis a dezoito horas diárias no confessionário. Seu conselho era buscado por Bispos, sacerdotes, religiosos, jovens e mulheres com dúvidas sobre sua vocação, pecadores, pessoas de toda classe de dificuldades e enfermos. Em 1855, o número de peregrinos havia alcançado os vinte mil ao ano. As pessoas mais distintas visitavam Ars com a finalidade de ver o Santo Cura e ouvir seus ensinamentos cotidianos. O Venerável Padre Colin foi seu amigo de toda a vida, enquanto que a Madre Marie de la Providence fundava as Irmãs auxiliadoras das almas do purgatório por seu conselho e com seu constante alento.

Sua direção espiritual se caracterizava pelo sentido comum, sua notável perspicácia, e conhecimento sobrenatural. Às vezes adivinhava pecados não revelados em uma confissão imperfeita. Suas instruções se davam em linguagem simples, cheias de imagens tiradas da vida diária e de cenas campestres, mas que respiravam fé e esse amor de Deus que era seu princípio vital, e que infundia em sua audiência tanto por seu modo de comportar-se e sua aparência como por suas palavras, pois afinal, sua voz era quase inaudível.

Os milagres registrados por seus biógrafos são de três tipos:

Em primeiro lugar, a obtenção de dinheiro para suas esmolas e alimento para seus órfãos;

Em segundo lugar, conhecimento sobrenatural do passado e do futuro;

Em terceiro lugar, cura de enfermos, especialmente crianças.

O maior milagre de todos foi sua vida. Praticou a mortificação desde sua primeira juventude, e durante quarenta anos sua alimentação e seu descanso foram insuficientes, humanamente falando, para manter sua vida. E ainda assim, trabalhava incessantemente, com inesgotável humildade, amabilidade, paciência, e bom humor, até ter mais de setenta e três anos.

Sacerdote que se consome de amor diante do Santíssimo Sacramento, doado inteiramente a Deus, a seus paroquianos e aos peregrinos, morre em 4 de agosto de 1859, depois de uma entrega até o extremo do Amor. Sua pobreza não era simulada. Sabia que estava fadado a morrer como “prisioneiro do confessionário”. Três vezes tentara fugir de sua paróquia, acreditando-se indigno da missão de pároco e pensando ser mais um obstáculo à bondade de Deus que um condutor de seu Amor. A última tentativa de fuga ocorreu menos de seis anos antes de morrer. Foi interceptado por seus paroquianos, que tinham feito soar o alarme no meio da noite. Voltou, então, a sua Igreja e pôs-se a confessar até a uma da manhã. No dia seguinte, diria: “Comportei-me como uma criança”. Em seu funeral, havia mais de mil pessoas, entre as quais o Bispo e todos os sacerdotes da Diocese, que vinham abraçar aquele que já era seu modelo.

Em 3 de Outubro de 1874 João Batista Maria Vianney foi proclamado Venerável por Pio IX. Beatificado em 8 de janeiro de 1905, foi declarado no mesmo ano “Padroeiro dos sacerdotes da França”. Canonizado por Pio XI em 1925, mesmo ano da canonização de Santa Teresa do Menino Jesus, será proclamado em 1929 “Padroeiro de todos os párocos do universo”. O Papa João Paulo II visitou Ars em 1986.

Hoje, Ars recebe 450 mil peregrinos todos os anos, e o Santuário organiza diversas atividades. Em 1986, lá foi aberto um seminário para formar futuros sacerdotes na escola do “Sr. Vianney”. Afinal, por onde passam os santos, Deus passa com eles!

Sua Festa se celebra em 4 de Agosto.

Fontes:
Arsnet.org
Aciprensa

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