sábado, 10 de abril de 2010

DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA – Homilia sobre a Misericórdia Divina



II DOMINGO DA PÁSCOA
11/04/2010
Ano C
At 5, 12-16
Sl 117
Ap 1, 9-11a.12-13.17-19
Jo 20, 19-31

A Divina Misericórdia

Toda a história da salvação é uma história de amor e misericórdia. Por isso, no tempo pascal quando rememoramos o momento culminante, o ápice deste amor, quando, como nos ensina Bento XVI, Deus se volta contra si mesmo, torna-se escravo, na pessoa de seu Filho e morre na cruz, a Igreja quer que agradeçamos de modo particular o amor divino, instituindo, neste Segundo Domingo da Páscoa a festa da Divina Misericórdia.

“Quando Deus nos criou, criou-nos à sua imagem e semelhança. É essa, diz-nos São Leão Papa, a nossa grande dignidade, de refletir como um espelho a forma da divina bondade.” Colocou tudo à disposição do homem e deu-nos a vida, mas recusamos este amor e encontramos a morte, a que fomos conduzidos pela inveja do demônio, conforme ensina Santo Agostinho. Mas, despojou-se Cristo de sua glória e entregou-se à morte e, desta forma, livrou-nos da morte. “Morto pela morte, aniquilou a morte”, dando-nos a vida, restabelecendo para todos os que crêem a vida eterna.

Deus nos ama desde toda a eternidade, é a voz dos profetas de todos os tempos, chamando-nos à conversão e mostrando a misericórdia divina. “Eu sou o vosso consolador... Eu te escondi na sombra de minha mão” (Cf. Is. 51, 12 e 16).

Se refletirmos um pouco sobre a nossa vida pessoal, podemos ver, em cada um dos nossos passos a presença deste Deus misericordioso.A questão é que não paramos para pensar um pouco sequer sobre nossos dias e nos esquecemos de tudo quanto Deus fez e faz por nós apesar de nossos pecados.

Com efeito, como a humanidade desviamo-nos do caminho da retidão. Tal como o povo que Deus escolhera e que correu atrás dos falsos deuses, os ídolos de terra e barro, de bronze e ouro como se lhes pudesse socorrer, também nós nos entregamos à idolatria dos deuses modernos e nos esquecemos de louvar Aquele que fez o céu e a terra e todos os seus ornatos, como relata o Livro do Gênesis.

Deus, porém, jamais nos abandonou, nem fechou o céu nem as fontes. Da pedra duríssima fez jorrar a água e, como o maná no deserto, nos dá o pão de cada dia na riqueza dos campos e na doçura dos frutos da terra, segundo reza-se no salmo “Ele abre sua mão e enche todo o animal de bênçãos” e Jesus nos diz: “Deus faz chover sobre bons e maus”

São João Crisóstomo, na liturgia eucarística por ele composta e ainda usada na Igreja grega, tem um louvor belíssimo ao Deus de amor. Cantando a sua misericórdia louva e agradece por tudo que Ele nos fez inclusive por aquilo de que não nos lembramos ou desconhecemos, pois toda a terra está cheia de sua bondade e de sua glória.

A festa da Divina Misericórdia faz-nos lembrar também que devemos ser misericordiosos. O mesmo São Leão, papa, em seguimento ao texto já citado, nos exorta a refletirmos a bondade divina, que é a sua essência, amando tudo o que Deus ama: “porque de outro modo não refletiremos a divina majestade, senão pela imitação da sua vontade” Sabemos, por outro lado, que Deus não despreza nada do que criou. Cristo nos manda que amemos o irmão, não só como nos amamos a nós mesmos, mas na medida em que Ele amou a ponto de dar a vida por todos.

“Louvemos, pois, o Senhor, pela sua misericórdia e pelas maravilhas que fez para salvar os homens” (Ps 106,20-21) A nossa vida deve ser um eterno hino de amor à misericórdia divina. Sempre em nossa boca há de se encontrar o seu louvor.


Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora
Catequisar.com.br

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