sábado, 6 de março de 2010

Meditação da Liturgia de domingo, Lc 13, 1-9 - Conversão é a reposta mais eficaz perante o mal



Ano C
III Domingo da Quaresma
Ex 3,1-18a.13-15
Sl 102
1Cor 10,1-6.10-12
Lc 13, 1-9


Conversão é a reposta mais eficaz perante o mal

A passagem do Evangelho de Lucas, que se proclama neste terceiro domingo de Quaresma, apresenta o comentário de Jesus sobre dois acontecimentos da época. O primeiro: a revolta de alguns galileus, que havia sido reprimida por Pilatos com derramamento de sangue; o segundo: a derrubada de uma torre em Jerusalém, que havia causado dezoito vítimas. Dois acontecimentos trágicos muito diferentes entre si: um causado pelo homem; o outro acidental.

Segundo a mentalidade daquela época, as pessoas tendiam a pensar que a desgraça havia recaído sobre as vítimas por causa de sua grave culpa. Jesus, pelo contrário, diz: «Pensais que esses galileus eram mais pecadores que todos os demais galileus, porque padeceram estas coisas?... Ou aqueles dezoito sobre os que se desmoronou a torre de Siloé, matando-os, pensais que eram mais culpados que os demais homens que habitam Jerusalém?» (Lucas 13, 2.4). Em ambos casos, conclui dizendo; «Não, vos asseguro; e se não vos converterdes, todos perecereis do mesmo modo» (13, 3.5).

Este é, portanto, o ponto ao qual Jesus quer levar quem o escutava: a necessidade da conversão. Não a apresenta em termos moralistas, mas realistas, como única resposta adequada para os acontecimentos que põem em crise as certezas humanas. Ante certas desgraças, adverte, não serve de nada jogar a culpa nas vítimas. O verdadeiramente sábio consiste mais em deixar-se interpelar pela precariedade da existência e assumir uma atitude de responsabilidade: fazer penitência e melhorar nossa vida.

Esta é a sabedoria, esta é a resposta mais eficaz ao mal, em todos os âmbitos, inter-pessoal, social e internacional. Cristo convida a responder ao mal antes de tudo com um sério exame de consciência e com o compromisso de purificar a própria vida. De outro modo, pereceremos, diz, pereceremos da mesma maneira. De fato, as pessoas e as sociedades que vivem sem pôr-se em discussão têm como único destino final a ruína. A conversão, pelo contrário, apesar de que não preserva dos problemas e adversidades, permite enfrentá-los de «maneira» diferente.

Antes de tudo ajuda a prevenir o mal, desativando algumas de suas ameaças. E, em todo caso, permite vencer o mal com o bem, ainda que nem sempre no âmbito dos fatos, que às vezes são independentes de nossa vontade, mas certamente sempre no âmbito espiritual.

Definitivamente: a conversão vence o mal em sua raiz, que é o pecado, ainda que nem sempre possa evitar suas conseqüências. Peçamos a Maria Santíssima que nos acompanhe e apóie no caminho quaresmal, que ajude cada cristão a redescobrir a grandeza, diria inclusive a beleza da conversão. Que nos ajude a compreender que fazer penitência e corrigir a própria conduta não é simples moralismo, mas o caminho mais eficaz para melhorar tanto a nós mesmos como a sociedade. Explica-o muito bem uma acertada máxima: é melhor acender um fósforo que maldizer a escuridão.


Papa Bento XVI
Angelus, 11 de março de 2007

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