sábado, 13 de fevereiro de 2010

Evangelho do domingo, 14 de fevereiro, Lc 6,17.20-26: A janela das bem-aventuranças, uma janela feliz



Ano C
VI Domingo Comum
Jr 17,5-8
Sl 1
1Cor 15,12.16-20
Lc 6,17.20-26

Evangelho do domingo: A janela das bem-aventuranças, uma janela feliz

OVIEDO, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- Apresentamos a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, Arcebispo de Oviedo, Administrador Apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste domingo (Lc 6, 17.20-26), 6º do Tempo Comum.

* * *

Descia Jesus da montanha com aqueles Doze mais íntimos e, ao encontrar-se com um grande grupo de discípulos, resolveu levá-los até a sua “janela”. Parecia perguntar-lhes: “O que vocês vêem da sua janela?”. O espetáculo humano às vezes é tão cruel e cotidiano, que até chegamos a pensar que deveria ser assim, sem outras alternativas: ricos à custa de pobres, fartos à custa de famintos, gargalhadas à custa de lágrimas, poderosos à custa de submissos.

Jesus propunha outro espetáculo, incrível e paradoxal: justamente o contrário daquele drama: os pobres se tornavam reis, os famintos eram saciados, os que antes choravam agora sorriam com esperança e os insultados pulavam de alegria com uma dignidade insólita.

Será que Jesus era um álibi, um super-homem que procurava a adesão dos seus deslumbrados ouvintes? Em suas palavras não havia o mais leve indício de oportunismo demagógico. Ele não estava preparando sua campanha publicitária ou eleitoral. Era simplesmente questão de olhar da janela de Deus.

Todos os desajustes que se contemplavam da janela do mundo geravam mal a todos: dor a quem sofria e suportava e vazio a quem provocava. Para os primeiros, Jesus abrirá uma porta de esperança: apesar de tudo e de todos, vocês poderão ser felizes e bem-aventurados. Para os segundos, dará um aviso: ai de vocês que mancham a beleza original, ai de vocês que corrompem a bondade do princípio.

A janela das bem-aventuranças não nos convida a fechar os olhos diante da dura realidade, mas a contemplar o que esta deveria ser, trabalhando para que seja assim. Jesus é a primeira pedra desse lar humano: Ele nos revelou que a verdadeira felicidade – que tão torpemente buscam os homens, às vezes – não está nesse desajuste que mereceu a lamentação do Senhor, e sim em sua Pessoa viva, em sua mensagem e seu destino: a misericórdia terna que nos devolve a possibilidade de nos parecermos com Deus, a liberdade que faz de nós filhos seus, o amor que nos torna irmãos dos demais.

Por isso, Jesus, ao descer da montanha, mostrará outra janela da qual se vislumbra o ocaso do terror, do ódio, das invejas, das fomes, das escuridões. E, dirigindo-se aos seus, proporá: não percam tempo em lamentações estéreis; construam um mundo novo, começando por vocês mesmos.

O cristianismo tem a missão de estrear esse céu já na terra, como primícia do mundo querido por Deus: que faz as pessoas felizes, que transforma as tristezas, as fomes, os absurdos... em felicidade bem-aventurada. E Jesus convidava a olhar da sua janela, tornando realidade o que nela se contemplava. Porque Jesus sempre via com os olhos de Deus.
E nós, de que janela estamos olhando? Uma forma de saber isso é perguntar-nos o que os outros enxergam em nós, cristãos, quando nos vêem viver e morrer, alegrar-nos, trabalhar, sofrer e rir... das janelas deles.


Dom Jesús Sanz Montes
Arcebispo de Oviedo
Administrador Apostólico de Huesca e de Jaca

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