terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Apresentação do Senhor: A criança que se toma nos braços é o Salvador do mundo



Apresentação do Senhor, Festa
Ofício festivo próprio
Leituras:
Ml 3, 1-4 ou Hb 2, 14-18
Sl 23 (24), 7.8.9.10
Lc 2, 22-40


Os meus olhos viram a tua salvação


De repente, entrará no seu Templo o Senhor que vós procurais" (Ml 3,1). Hoje é-nos recordada a ação silenciosa da Providência de Deus. Acontecimentos que tinham sido previstos há muito inserem-se tranquilamente no curso do tempo; as visitas do Senhor permanecem simultaneamente repentinas e misteriosas...

Nesta cena, não há verdadeiramente nada de extraordinário nem de impressionante; no mundo, pessoas como os pais desta criança, tão pobres, e dois velhos como estes são olhados sem grande interesse e passa-se à frente. Contudo, o que temos aqui é a realização solene de uma profecia antiga e prodigiosa. A criança que se toma nos braços é o Salvador do mundo, o autêntico herdeiro que vem, sob a aparência de um desconhecido, visitar a sua própria casa. O profeta tinha dito: "Quem poderá suportar o dia da sua vinda?" (Ml 3,2); ei-lo que vem para tomar posse dela. Além disso, o velho Simeão está repleto dos dons do Espírito: alegria, ação de graças, esperança, misteriosamente misturadas com o temor, o susto e a dor. Também Ana se torna profetisa e as testemunhas a quem se dirige são o autêntico Israel que espera com fé a redenção do mundo de acordo com as promessas. "A glória que virá desse Templo ultrapassará a do antigo", tinha anunciado um outro profeta (Ag 2,9). Ei-la agora, essa glória: um menino com seus pais, dois velhos e uma assembléia sem nome e sem futuro. "A vinda do Reino não se deixa ver" (Lc 17,20).

Tal foi sempre a maneira de Deus fazer as suas visitas: o silêncio, o inesperado, a surpresa aos olhos do mundo, apesar das predições conhecidas de todos, cujo sentido a Igreja verdadeira apreende e espera o cumprimento... Não pode ser de outra forma. Os avisos de Deus são claros mas o mundo continua o seu curso; envolvidos pelas suas atividades, os homens não sabem discernir o sentido da história. Tomam grandes acontecimentos por fatos sem importância e medem o valor das realidades segundo uma perspectiva apenas humana... O mundo permanece cego, mas a Providência oculta de Deus realiza-se dia após dia.


Cardeal John Henry Newman
Presbítero, fundador, teólogo

The Invisible World, PPS, Vol.II, no.10

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