sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Evangelho do domingo, 23 de janeiro: hoje, uma Boa Notícia



Evangelho do domingo: hoje, uma Boa Notícia

HUESCA, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010 (ZENIT.org) - Publicamos o comentário ao evangelho deste domingo, 3º do Tempo Comum (Lucas 1,1-4; 4,14-21), redigido por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, Bispo de Huesca e de Jaca, Arcebispo eleito de Oviedo.

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III Domingo Comum – Ano C
Ne 8,2-4a.5-6.8-10
Sl 18B
1Cor 12,12-30
Lc 1,1-4; 4,14-21

Lucas começa seu evangelho comunicando algo que é o coração do cristianismo: ocorreu um fato, que não é uma bela fábula, e sim um acontecimento. Há testemunhas que o viram pessoalmente e o proclamaram com seus lábios.

A cena se situa na sinagoga de Nazaré. Jesus, em pé, lê uma profecia especialmente querida e esperada pelos fiéis judeus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18). Uma leitura mais ou menos conhecida e desejada, mas, enfim, uma leitura. O sucesso vem a seguir, quando Ele devolve o livro e, diante de todos os que estavam na sinagoga e que “tinham os olhos fixos nele” (Lc 4, 20), diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21).

Toda a carga emotiva daquela cena estava neste advérbio: “hoje”. Ele dizia: já, hoje é tempo de boas notícias. Como quando os anjos anunciaram aos pastores ao nascimento de Jesus: “Hoje vos nasceu um salvador” (Lc 2, 11); ou como quando Jesus encontrou Zaqueu e lhe disse “Hoje, a salvação entrou nesta casa” (Lc 19, 1-10); ou quando diz ao bom ladrão, Dimas: “Eu te asseguro que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43). A catequese dos primeiros cristãos, a que Lucas faz com Teófilo, não consiste em contar coisas de Jesus, mas na transmissão de uma Palavra e de uma presença vivas!

Só poderemos entender Jesus e alegrar-nos pelo seu anúncio se este nos trouxer uma salvação real para nossas prisões, pobrezas e cegueiras. Teremos de reconhecer, sem maquiagem nem ignorâncias culpáveis, quais são as coisas que nos escravizam, as que nos empobrecem e cegam. Aguentar o puxão e a vertigem de que nem tudo é tão livre, nem tão auto-suficiente, nem tão claro como achávamos ou nos fizeram achar. Mas no realismo das nossas dificuldades cotidianas, lá onde brotam os barrotes que escravizam, os consumos que empobrecem nosso coração e a dignidade dos verdadeiramente pobres, as obscuridades que nos cegam, lá é onde somos convocados para ouvir o hoje da nossa salvação, o hoje da nossa liberdade, da nossa alegria e da nossa luz. Somos chamados ao abraço de Deus em seu hoje e a prolongá-lo a partir da nossa comunidade cristã, do nosso lar, do nosso coração, para que os cativos de hoje, os pobres de hoje e os cegos de hoje possam experimentar outra história, outro hoje que tenha sabor de boa notícia, de evangelho. Para que aquele hoje de dois mil anos atrás nos seja tão atual, assim como Deus presente entre nós.


Dom Jesús Sanz Montes
Bispo de Huesca e de Jaca
Arcebispo eleito de Oviedo

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