sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Jesus ainda é motivo de escândalo




Jesus ainda é motivo de escândalo


CASTEL GANDOLFO, domingo, 23 de agosto de 2009 (ZENIT.org) - Publicamos as palavras que Bento XVI dirigiu neste domingo, ao meio-dia, aos peregrinos reunidos no pátio da residência pontifícia de Castel Gandolfo por ocasião do Angelus.

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Queridos irmãos e irmãs,

Nos últimos domingos, a liturgia vem nos propondo refletir sobre o capítulo 6 do evangelho de João, em que Jesus se apresenta como “o pão vivo que desceu do céu” e acrescenta: “Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo” (João 6, 51). Aos judeus, que discutem acaloradamente, perguntando-se “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” (v. 52), Jesus confirma: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (v. 53).

Hoje, 21º domingo do Tempo Comum, meditamos sobre a parte conclusiva deste capítulo, na qual o quarto evangelista refere a reação das pessoas e dos próprios discípulos, escandalizados pelas palavras do Senhor, até o ponto de que muitos, depois de tê-lo seguido até então, exclamam: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” (v. 60). E a partir daquele momento, “muitos discípulos o abandonaram e não mais andavam com ele” (v. 66). Jesus, no entanto, não suaviza suas afirmações; mais ainda, dirige-se diretamente aos Doze, dizendo: “Vós também quereis ir embora?” (v. 67).

Esta pergunta provocadora não se dirige somente aos que o escutavam então, mas alcança os crentes e os homens de todas as épocas. Também hoje, muitos se “escandalizam” diante do paradoxo da fé cristã. O ensinamento de Jesus parece “duro”, difícil demais de acolher e de praticar. Então, existem aqueles que rejeitam e abandonam Cristo; existem aqueles que tentam “adaptar” sua palavra às modas, desvirtuando seu sentido e valor.

“Vós também quereis ir embora?”: esta inquietante provocação ressoa no coração e espera de cada um uma resposta pessoal. Jesus, de fato, não se contenta com uma pertença superficial e formal; não lhe basta uma primeira adesão entusiasta; é necessário, pelo contrário, participar durante a vida toda do seu “pensar e querer”. Segui-lo enche o coração de alegria e dá sentido pleno à nossa existência, mas comporta dificuldades e renúncias, pois com muita frequência é preciso nadar contra a corrente.

“Vós também quereis ir embora?” À pergunta de Jesus, Pedro responde em nome dos apóstolos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (v. 68-69).

Queridos irmãos e irmãs: também nós podemos repetir a resposta de Pedro, conscientes certamente da nossa fragilidade humana, mas confiando na potência do Espírito Santo, que se expressa e se manifesta na comunhão com Jesus. A fé é dom de Deus ao homem e é, ao mesmo tempo, entrega livre e total do homem a Deus; a fé é dócil escuta da Palavra do Senhor, que é “lâmpada” para os nossos passos e “luz” em nosso caminho (cf. Sl 119, 105). Se abrimos com confiança o coração a Cristo, se nos deixamos conquistar por Ele, podemos experimentar, também nós, junto ao santo Cura de Ars, que “nossa única felicidade nesta terra consiste em amar a Deus e saber que Ele nos ama”.

Peçamos a Nossa Senhora que mantenha sempre firme em nós a fé, impregnada de amor, que fez dela, humilde menina de Nazaré, a Mãe de Deus e Mãe e modelo de todos os crentes.


Papa Bento XVI
Angelus, 23 de agosto de 2009

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