segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eucaristia interpela hoje como há dois mil anos




XXI Dom do Tempo Comum
Ano B
Js 24,1-2a.15-17.18b
Sl 33
Ef 5,21-32
Jo 6,60-69


Evangelho do domingo: Eucaristia interpela hoje como há dois mil anos

Meditação do Padre Pedro García, missionário claretiano

ROMA, sexta-feira, 21 de agosto de 2009 (ZENIT.org) - Publicamos a meditação escrita pelo padre Pedro García, missionário claretiano, conhecido evangelizador na América Central, sobre o Evangelho deste domingo (João 6, 60-69), vigésimo primeiro do Tempo Comum.

* * *

Este é o quinto domingo que refletimos sobre a Eucaristia, pré-anunciada com a multiplicação dos pães e prometida por Jesus na sinagoga de Cafarnaum. A Liturgia da Igreja não faz nada semelhante com nenhuma outra página do Evangelho. Por que esta insistência?

Simplesmente porque a Igreja sabe que na Eucaristia há uma fonte de onde emana toda sua vida, e sabe também que toda a vida de seus filhos –de todos nós– deve desembocar sempre na Eucaristia. Ou comungamos e temos a vida de Deus, ou não comungamos e a vida de Deus está em nós quase agonizando, se não completamente morta...

O Evangelho de hoje nos faz ver o desenlace daquela dramática discussão de Jesus com seus rivais na sinagoga, quando lhes assegurou: “Eu sou o pão descido do céu. E se não comerdes da minha carne e não beberdes do meu sangue não tereis vida em vós”. Esta página nos declara a atitude de todos ante a Eucaristia, hoje como então. Ouvimos os escribas e fariseus, que cantavam na sinagoga, dizerem: “Mas, como pode este dar-nos de comer sua carne e de beber seu sangue? Isto é impossível!...”. Outros –e isto é o pior, porque estes são discípulos–, que dizem o que lemos hoje: “Como é dura e repugnante esta linguagem! Quem vai entendê-la e aceitá-la?”. Finalmente, os incondicionais, que não duvidam, como Pedro, que nos colocará nos lábios a última palavra deste drama.

Jesus está triste, podemos assim falar. Esperava-se a reação negativa dos chefes judeus. Mas não podia pensar que os seus iriam negar sua adesão e a fé. Por isso, lamenta agora: “Isto que vos disse vos escandaliza? Pois, o que diríeis se me visses subir ao céu, onde estava antes?”. Jesus lhes estende uma mão, para que sua fé não falhe e não aconteça a ruptura, porque então estão perdidos, e lhes diz e aconselha: “Não façais caso das aparências. O Espírito é quem dá a vida, e vos peço que julgueis não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Minhas palavras são espírito e vida”.

Judas, que dentro de um ano o trairá e o entregará, é o primeiro a colocar discórdia entre o grupo. Jesus se dá conta, o olha profundamente, e diz a todos com delicadeza: “Como há alguns entre vós que não crêem?”. Para ver se Judas e os outros se dão por aludidos!... Jesus passeia entre eles seu olhar dolorido, e continua: “Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim e crer em mim, se meu Pai não o atrai”.

Tudo é obra da graça de Deus, que exige resposta nossa, que exige fé.

Aqueles discípulos dissidentes não querem dar esta resposta à palavra de Jesus, e vão embora, ainda que Judas continue no grupo, mas cada vez mais receoso e afastado espiritualmente. Ao ver que vão embora, Jesus se dirige aos Doze, que estão pensativos: “Também vós quereis deixar-me sozinho?”. Menos mal que Pedro toma a palavra decidido, e responde em nome dos companheiros fiéis com palavras que expressarão a fé da Igreja em todos os séculos por vir: “Senhor! A quem iremos? Não há ninguém fora de ti. Pois só Tu tens palavras de vida eterna, e nós cremos que Tu és o santo e o enviado de Deus”.

Qualquer um que sabe ler o Evangelho se dá conta de que a popularidade de Jesus cai vertiginosamente na Galileia. Chegam até o ponto de considerá-lo como um alucinado e um louco. Veja que dizer que vai dar sua carne para comer e seu sangue para beber já é demais! Este é o doloroso Evangelho de hoje. E somos nós os que podemos dizer a Jesus como Pedro e com a primeira Igreja: “Senhor, creio!”..., como podemos dizer-lhe com muito sarcasmo, como os incrédulos da sinagoga: “Isso, isso...!”.

Ante o mistério da Eucaristia não há mais razões senão a fé cega na palavra de Jesus: “Creio, e basta!... Disse Jesus Cristo, e já tenho o bastante!... Não vejo nada, pois, muito melhor! Maior glória dou a Cristo e maior mérito tenho eu... Se os outros dizem que isto não é mais que uma lembrança de Jesus, eu me atenho a sua Palavra, que me diz categoricamente e sem mais explicações: ‘Isto é meu Corpo, este é meu Sangue...’”.

Contudo, o melhor ato de fé será sempre a assiduidade em participar do sacrifício do Altar, em receber a Comunhão, e em adorar ao Senhor no Sacramento, onde permanece por nós com presença contínua.

A Santa Missa, a Sagrada Comunhão, a Visita e a Hora Santa são o apogeu da fé. Não há medo que destrua o que faz da Eucaristia o centro de toda vida espiritual...

Senhor Jesus Cristo!

Obrigado, porque se deu a nós de forma tão admirável, e porque ficou entre nós de maneira tão amorosa!
Dai a todos nós uma fé viva no Sacramento do amor. Que a Missa dominical seja o centro de nossa semana cristã, a Comunhão nos sacie a fome que temos de ti, e o Sacrário se converta no remanso tranquilo onde nossas almas encontrem a paz...

Padre Pedro García
Missionário claretiano

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