segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Papa: nutrir-se do Pão da vida eterna




Papa: nutrir-se do Pão da vida eterna

Palavras ao rezar o Angelus com os peregrinos neste domingo


CASTEL GANDOLFO, domingo, 16 de agosto de 2009 (ZENIT.org) - Bento XVI rezou o Angelus com os peregrinos ao meio-dia deste domingo, no pátio interno do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Estas foram as palavras do Papa na introdução da oração mariana.

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Queridos irmãos e irmãs!

Ontem nós comemoramos a grande festa da Assunção de Maria ao Céu, e hoje lemos no Evangelho estas palavras de Jesus: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu" (Jo 6, 51). Não se pode ficar indiferente a esta correspondência, que gira em torno do símbolo do "céu": Maria foi "assunta" ao local de que seu filho tinha "descido". Evidentemente, esta linguagem, que é bíblica, expressa em termos figurados coisas que não entram completamente no mundo dos nossos conceitos e da nossa imaginação. Mas vamos parar um momento para refletir! Jesus se apresenta como o "pão vivo", ou seja, alimento que contém a própria vida de Deus e é capaz de comunicá-la a quem d’Ele se alimenta, o verdadeiro nutrimento que dá a vida, nutre realmente em profundidade. Jesus diz: "Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo”. Bem, de quem o Filho de Deus tomou esta sua "carne", a sua humanidade concreta e verdadeira? Da Virgem Maria. Deus recebeu d’Ela o corpo humano para entrar na nossa condição mortal. A sua vez, no fim da existência terrena, o corpo da Virgem foi assunto ao céu por Deus e entrou na condição celeste. É uma espécie de intercâmbio, no qual Deus tem sempre a plena iniciativa, mas, como vimos em outras ocasiões, tem também necessidade de Maria, do “sim” da criatura, da sua carne, da sua existência concreta, para preparar a matéria do seu sacrifício: o corpo e o sangue, a ser oferecido na Cruz como instrumento de vida eterna e, no sacramento da Eucaristia, como alimento e bebida espirituais.

Queridos irmãos e irmãs, o que aconteceu a Maria, vale, de outras maneiras, mas realmente, para cada homem e cada mulher, porque a cada um de nós Deus pede acolhê-Lo, colocar à disposição o nosso coração e o nosso corpo, a nossa inteira existência, para que Ele possa habitar no mundo. Convida a unir-nos a Ele no sacramento da Eucaristia, Pão repartido pela vida do mundo, para formar juntos a Igreja, seu corpo histórico. E se dissermos sim, como Maria, na mesma medida desse nosso sim, ocorre também para nós e em nós aquele misterioso intercâmbio: somos admitidos na divindade d’Aquele que assumiu a nossa humanidade. A Eucaristia é o meio, o instrumento desse recíproco transformar-se, que tem sempre Deus como fim e como ator principal: Ele é a Cabeça e nós os membros, Ele é a Videira, nós os ramos. Quem come deste Pão e vive em comunhão com Jesus, deixando-se transformar por Ele e n’Ele, é salvo da morte eterna: certamente morre, como todos, participando também do mistério da Paixão e da Cruz de Cristo, mas não é mais escravo da morte, e ressuscitará no último dia, para desfrutar da festa eterna com Maria e com todos os Santos.

Este mistério, esta festa de Deus começa aqui: é mistério de fé, de esperança e de amor, que se celebra na vida e na liturgia, especialmente eucarística, e se exprime na comunhão fraterna e no serviço ao próximo. Rezemos à Virgem Santa, a fim de que nos ajude a nutrirmos sempre com fé do Pão da vida eterna para experimentar já na terra a alegria do Céu.


Papa Bento XVI
Angelus, 16 de agosto de 2009

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