terça-feira, 18 de agosto de 2009

“Caridade na verdade”, nova encíclica de Bento XVI



Terceira Encíclica de Bento XVI: “Caridade na verdade”,

Depois de Deus caritas est, dedicada ao amor, e Spe salvi, à esperança

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 6 de julho de 2009 (ZENIT.org) - O mundo católico e centenas de instituições sociais estão à espera da terceira encíclica do Papa Bento XVI, Caritas in veritate (A caridade na verdade), assinada no último dia 29 de junho, Festa de São Pedro e São Paulo, que será publicada nesta terça-feira.

Duas encíclicas a precederam: o amor foi seu ponto de partida, com a publicação de Deus caritas est, assinada em dezembro de 2005; esta encíclica foi seguida por outra sobre a esperança, Spe salvi, publicada em novembro de 2007.

Deus é amor

O Pontífice começa sua primeira encíclica explicando de maneira teórica os dois tipos de amor. O primeiro, eros, identificado mais como o amor entre um homem e uma mulher, é visto pelos gregos como uma “loucura divina”. Sua Santidade esclarece que é preciso ir além da “faísca inicial” e iluminar esse amor com a vontade e a razão, que o purificam. Depois se refere ao segundo tipo de amor, o ágape, amor de amizade disposto ao sacrifício.

Os dois tipos de amor não se antepõem; ao contrário, encontram-se para que se realize melhor a essência do amor geral que tende ao seu modelo mais perfeito e sublime, que é o próprio Deus.

Na prática, o Papa quer mostrar que “a fé bíblica não constrói um mundo paralelo ou um mundo contraposto àquele fenômeno humano originário que é o amor, mas aceita o homem por inteiro, intervindo na sua busca de amor para purificá-la, desvendando-lhe ao mesmo tempo novas dimensões”.

Na segunda parte de Deus caritas est, Bento XVI se refere à caridade cristã, dizendo que o papel da Igreja não pode ser o de um serviço meramente assistencialista. Indica que é necessário ver no irmão o rosto sofredor de Cristo.

“Toda a atividade da Igreja é manifestação dum amor que procura o bem integral do homem: procura a sua evangelização por meio da Palavra e dos Sacramentos, empreendimento este muitas vezes heróico nas suas realizações históricas; e procura a sua promoção nos vários âmbitos da vida e da atividade humana”, diz o Pontífice.

Portanto, assegura em sua primeira encíclica, “é amor o serviço que a Igreja exerce para acorrer constantemente aos sofrimentos e às necessidades, mesmo materiais, dos homens”.

Assim, a justiça adquire uma maior força e vai além da distribuição equitativa de bens: chega ao coração do homem e lhe faz ver sua dignidade humana e a imagem de Deus, tantas vezes ferida por atos de injustiça.

A verdadeira esperança

Em sua segunda encíclica, lançada no Advento de 2007, o Papa explica como a esperança se converte no motor que permite ao homem dar sentido a cada dia de sua vida, tornando-se pleno somente quando dirige seu olhar à eternidade.

O Pontífice aproveita este tempo litúrgico para dizer: “A ‘redenção’, a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de fato. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho”.

A encíclica mostra que a esperança adquire verdadeiro sentido quando o homem deixa de colocar esta virtude somente em estruturas criadas por ele mesmo, querendo achar respostas na ciência, na economia e na política.

“Torna-se evidente que o homem necessita de uma esperança que vá mais além. Vê-se que só algo de infinito lhe pode bastar, algo que será sempre mais do que aquilo que ele alguma vez possa alcançar”, escreve o Papa.

Sistemas políticos, como o marxismo, procuraram consolidar nesta terra um reino onde o mal esteja totalmente ausente. Mas – esclarece o pontífice – esta ilusão é totalmente utópica, porque cada comunidade está composta por seres humanos cuja liberdade muitas vezes está inclinada ao mal.

“A esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro ‘reino de Deus’”, indica Bento XVI.
O Papa, no entanto, oferece uma visão de esperança a partir da qual o homem é tão valioso que por isso o próprio Deus decide tornar-se um de nós.

Assegura, então, que fugir da dor nunca será a solução para o sofrimento, porque o necessário é aceitá-lo, amadurecer nele e encontrar um sentido mediante a união com Cristo.

O Pontífice mostra como “Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto”.

Caridade na verdade

Com sua terceira encíclica, o Papa pretende enriquecer o magistério social pontifício. A última do gênero foi publicada em 1991. Trata-se de Centesimus Annus, de João Paulo II, ao comemorar o primeiro centenário da Rerum Novarum, do seu predecessor Leão XIII sobre a questão dos trabalhadores.

Bento XVI explicou que Caritas in Veritate é uma atualização da Populorum progressio, escrita por Paulo VI e publicada em 1967.

“Ela pretende aprofundar em alguns aspectos do desenvolvimento integral da nossa época, à luz da caridade na verdade”, afirmou o Papa antes da oração do Angelus, no último dia 29 de junho.


Zenit

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