A Caminhada da Santidade
Com muita alegria pudemos iniciar, com um grupo de padres da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, o primeiro retiro espiritual deste ano. Serão ao todo cinco turmas que estarão participando desses momentos intensos de oração e espiritualidade. O convite que fiz a D. Vicente Joaquim Zico para partilhar suas experiências de participante do carisma de São Vicente de Paulo e da sua longa vida a serviço da Igreja foi pelo testemunho de sua vida que pude presenciar durante nossa convivência em Belém do Pará.
Acredito que neste ano sacerdotal, esses momentos de intensa espiritualidade e de aprofundamento de nossa vida com o reavivamento de nossa vocação, somos chamados a percorrer o caminho da conversão, da santidade, que mesmo sendo para todos, para os presbíteros se reveste de um caráter especial. É o momento também que todo o nosso povo é convidado a rezar pelos seus padres. Além da recomendação já dada pelo Papa Bento XVI, necessitamos pedir pela santificação de nossos padres e pelo aumento das vocações sacerdotais e religiosas.
Deus, em seu plano de amor sem limites, chama o homem a percorrer um itinerário cuja meta é a felicidade, a realização perfeita da sua personalidade, ou seja, a santidade. Santo Irineu de Lião (+202) o reconhecia ao dizer: “A glória de Deus é o homem vivo”. Mas a segunda parte da afirmação do santo reconhecia também que “a vida do homem é a visão de Deus”.
Assim, a perfeita realização do homem consiste, em última análise, na visão de Deus, na comunhão trinitária, fonte de todo bem e de toda paz. Felicidade humana e união com Deus coincidem-se de modo admirável.
O caminho da santidade, que todos somos chamados a percorrer com a graça de Deus, supõe passos bem concretos. Ser santo significa pertencer a Deus, significa percorrer as etapas que levam a Deus.
Fomos criados por Deus: esta é a etapa que não escolhemos; é Deus quem nos escolhe. Em um gesto infinito de amor, o Senhor tira-nos do nada e nos dá a existência. Nascemos para viver eternamente conhecendo a Deus pela Fé enquanto aqui caminhamos até o momento em que o veremos tal como Ele é na visão beatífica.
Porém, experimentamos como pessoa e como membros da humanidade a nossa fragilidade praticando o mal e, por causa do pecado, precisamos ser justificados: precisamos nos tornar amigos de Deus; a graça da justificação, Deus no-la concede gratuitamente por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Quem recebe o Batismo é tornado filho de Deus gratuitamente. Quem, por desventura, peca depois do Batismo, é justificado novamente, e de graça, pela confissão sincera do pecado. Somos lavados no Sangue redentor de Cristo!
Nascidos, pois, para a vida e justificados em Cristo Jesus a consequência são os frutos da vida nova recebida pelo Batismo ou recuperada pela Penitência. Teremos assim a oportunidade de fazer frutificar em boas obras a graça de Deus recebida. A graça deve produzir frutos de amor efetivo; ela não pode ficar estéril. E nesse sentido muitos passos poderão ser dados.
A nossa etapa final é a glorificação. Deus nos faz participar de sua glória eterna. Já que aceitamos que sua graça agisse em nós, Deus nos recompensa com a “vida em abundância” (Jo 10,10). A alegria aqui é indizível: “O que Deus preparou para aqueles que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2, 9). Essa vida começa e é preparada pelas nossas atitudes aqui, enquanto caminhamos.
Os santos que veneramos na Igreja alcançaram a meta e são estímulo para nós. A santidade não é só para alguns; é um convite para todos. E é Deus mesmo quem nos sustenta no caminho, apesar de nossas fraquezas. “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).
Celebramos no início deste mês a Solenidade de todos os Santos, aqueles canonizados pela Igreja e colocados à veneração pública dos fiéis e a multidão dos santos anônimos para nós, mas conhecidos de Deus. Com propriedade, disse o Santo Padre Bento XVI: “Quanto é bela e consoladora a comunhão dos santos, salientando depois que se trata de uma realidade que infunde uma dimensão diferente à nossa vida inteira. Nunca estamos sozinhos. Fazemos parte de uma companhia espiritual, na qual reina uma profunda solidariedade: o bem de cada um vai em vantagem de todos e vice versa; a felicidade comum irradia-se em cada um. É um mistério que de qualquer maneira podemos experimentar já neste mundo, na família, na amizade, especialmente na comunidade espiritual da Igreja.”
Tenho certeza de que, percorrendo o caminho em busca da santidade, todos nós, e em especial nossos padres durante este tempo de exercícios espirituais, podemos, em nossa Arquidiocese e no mundo, lutar pela paz, concórdia, unidade, alegria e vida anunciando ao mundo a Boa Notícia da presença do Cristo Ressuscitado entre nós.
D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo do Rio de Janeiro
Com muita alegria pudemos iniciar, com um grupo de padres da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, o primeiro retiro espiritual deste ano. Serão ao todo cinco turmas que estarão participando desses momentos intensos de oração e espiritualidade. O convite que fiz a D. Vicente Joaquim Zico para partilhar suas experiências de participante do carisma de São Vicente de Paulo e da sua longa vida a serviço da Igreja foi pelo testemunho de sua vida que pude presenciar durante nossa convivência em Belém do Pará.
Acredito que neste ano sacerdotal, esses momentos de intensa espiritualidade e de aprofundamento de nossa vida com o reavivamento de nossa vocação, somos chamados a percorrer o caminho da conversão, da santidade, que mesmo sendo para todos, para os presbíteros se reveste de um caráter especial. É o momento também que todo o nosso povo é convidado a rezar pelos seus padres. Além da recomendação já dada pelo Papa Bento XVI, necessitamos pedir pela santificação de nossos padres e pelo aumento das vocações sacerdotais e religiosas.
Deus, em seu plano de amor sem limites, chama o homem a percorrer um itinerário cuja meta é a felicidade, a realização perfeita da sua personalidade, ou seja, a santidade. Santo Irineu de Lião (+202) o reconhecia ao dizer: “A glória de Deus é o homem vivo”. Mas a segunda parte da afirmação do santo reconhecia também que “a vida do homem é a visão de Deus”.
Assim, a perfeita realização do homem consiste, em última análise, na visão de Deus, na comunhão trinitária, fonte de todo bem e de toda paz. Felicidade humana e união com Deus coincidem-se de modo admirável.
O caminho da santidade, que todos somos chamados a percorrer com a graça de Deus, supõe passos bem concretos. Ser santo significa pertencer a Deus, significa percorrer as etapas que levam a Deus.
Fomos criados por Deus: esta é a etapa que não escolhemos; é Deus quem nos escolhe. Em um gesto infinito de amor, o Senhor tira-nos do nada e nos dá a existência. Nascemos para viver eternamente conhecendo a Deus pela Fé enquanto aqui caminhamos até o momento em que o veremos tal como Ele é na visão beatífica.
Porém, experimentamos como pessoa e como membros da humanidade a nossa fragilidade praticando o mal e, por causa do pecado, precisamos ser justificados: precisamos nos tornar amigos de Deus; a graça da justificação, Deus no-la concede gratuitamente por Jesus Cristo, no Espírito Santo. Quem recebe o Batismo é tornado filho de Deus gratuitamente. Quem, por desventura, peca depois do Batismo, é justificado novamente, e de graça, pela confissão sincera do pecado. Somos lavados no Sangue redentor de Cristo!
Nascidos, pois, para a vida e justificados em Cristo Jesus a consequência são os frutos da vida nova recebida pelo Batismo ou recuperada pela Penitência. Teremos assim a oportunidade de fazer frutificar em boas obras a graça de Deus recebida. A graça deve produzir frutos de amor efetivo; ela não pode ficar estéril. E nesse sentido muitos passos poderão ser dados.
A nossa etapa final é a glorificação. Deus nos faz participar de sua glória eterna. Já que aceitamos que sua graça agisse em nós, Deus nos recompensa com a “vida em abundância” (Jo 10,10). A alegria aqui é indizível: “O que Deus preparou para aqueles que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2, 9). Essa vida começa e é preparada pelas nossas atitudes aqui, enquanto caminhamos.
Os santos que veneramos na Igreja alcançaram a meta e são estímulo para nós. A santidade não é só para alguns; é um convite para todos. E é Deus mesmo quem nos sustenta no caminho, apesar de nossas fraquezas. “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).
Celebramos no início deste mês a Solenidade de todos os Santos, aqueles canonizados pela Igreja e colocados à veneração pública dos fiéis e a multidão dos santos anônimos para nós, mas conhecidos de Deus. Com propriedade, disse o Santo Padre Bento XVI: “Quanto é bela e consoladora a comunhão dos santos, salientando depois que se trata de uma realidade que infunde uma dimensão diferente à nossa vida inteira. Nunca estamos sozinhos. Fazemos parte de uma companhia espiritual, na qual reina uma profunda solidariedade: o bem de cada um vai em vantagem de todos e vice versa; a felicidade comum irradia-se em cada um. É um mistério que de qualquer maneira podemos experimentar já neste mundo, na família, na amizade, especialmente na comunidade espiritual da Igreja.”
Tenho certeza de que, percorrendo o caminho em busca da santidade, todos nós, e em especial nossos padres durante este tempo de exercícios espirituais, podemos, em nossa Arquidiocese e no mundo, lutar pela paz, concórdia, unidade, alegria e vida anunciando ao mundo a Boa Notícia da presença do Cristo Ressuscitado entre nós.
D. Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo do Rio de Janeiro
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