quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Santidade do Presbítero




A SANTIDADE DO PRESBÍTERO


Como o único e eterno e sumo Sacerdote Jesus Cristo, cada presbítero é chamado à santidade. A santidade é uma vocação de todo fiel batizado, como ensina o Concílio Vaticano II no início do capítulo da Lumen Gentium sobre a vocação universal à santidade: “Todos na Igreja, quer pertençam a hierarquia, quer sejam dirigidos por ela, são chamados à santidade segundo a palavra do Apóstolo: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts 4,3; cf. Ef 1,4). Esta santidade da Igreja incessantemente se manifesta e deve manifestar-se nos frutos de graça que o Espírito Santo produz nos fiéis; exprime-se de muitas maneiras em todos aqueles que, em harmonia com seu estado de vida, tendem à perfeição da caridade, edificando os outros, mas de modo particular, evidencia-se na prática dos conselhos que ordinariamente se chamam evangélicos” (LG 39). Para manter e animar a santidade dos fiéis, a quem é chamado a orientar e conduzir, o presbítero sentir-se pessoalmente chamado em causa diante desta vocação universal.

Só Deus é Santo

Quando falamos de santidade, é preciso ter em conta que, rigorosamente falando, só Deus é santo. Santidade significa perfeição, excelência, plenitude. Na comunhão da Trindade, as três pessoas divinas vivem essa excelência. Só as três pessoas divinas conseguem viver a plenitude do amor, voltadas eternamente umas às outras. Tendo criado o mundo e a humanidade, abriram-se a nós, convidando-nos a participar de sua vida. Assim, quanto mais nos aproximarmos da excelência da vida de Deus, mais seremos felizes, realizados, bem-aventurados. Esse é o significado mais profundo da santidade. No anúncio do Reino de Deus, Jesus Cristo nos convidou a ser perfeitos como o Pai do céu (Mt 5,48). Jesus não diria isso, se não fosse possível ao ser humano alcançar esse ideal. Se ele nos fez esse convite, significa que é possível alcançar essa perfeição, essa santidade.

É precisamente por isso que, depois de estudos sobre o exercício heróico das virtudes de alguns de seus filhos, a Igreja os reconhece como santos, e os beatifica e canoniza, pondo-os como modelos de vida diante de todos. O ser humano pode, portanto, em suas palavras e obras, em suas relações com Deus e o próximo, na fidelidade à vocação e missão, tornar-se santo. Um santo, a começar com Maria Santíssima, é alguém que reflete a santidade perfeita de Deus-Trindade. Por ocasião da Beatificação de Santa Paulina, em Florianópolis, em 1991, o Papa João Paulo II implorou: “O Brasil precisa de santos!”

Cristo Sacerdote é Santo

Na Carta aos Hebreus, cujo tema central é o único sacerdócio de Cristo, diz-se que Jesus Cristo, o único e eterno sacerdote, exerceu a perfeição das santidade. Por isso mesmo, ele é o verdadeiro intermediário entre Deus e nós. Deus não precisa mais de anjos para se comunicar conosco. Nós não precisamos mais de outros mediadores para nos comunicar com Deus. Jesus, que é Deus e vive na unidade eterna com o Pai (Heb 1,5-14) e, ao mesmo tempo, é homem e está próximo a nós e é solidário conosco (Heb 2,5-18), é o verdadeiro mediador, o único sacerdote.

O caminho entre Deus e nós está totalmente aberto. Podemos nos relacionar diretamente com Deus. Deus não precisa mais de anjos para vir a nós: ele veio de modo pleno na carne humana de Jesus de Nazaré. Nós não precisamos mais de santos para ir a Deus: o mediador por excelência é Jesus Cristo, na plenitude de seu sacerdócio. Os santos que a Igreja venera, testemunham que é possível viver com fidelidade no seguimento de Cristo, são exemplos concretos que nos estimulam a seguir Jesus. A santidade de Jesus tem o seu centro na cruz. Aí ele foi perfeito, exerceu o máximo de sua vida, foi fiel e consumou a obra do Pai. Por mais escandalosa que seja a cruz, uma vez que nela se visualiza o poder da maldade humana, ela é sinal de vida, porque nela se visualiza também – e de modo muito mais evidenciado – o poder do amor de Jesus. Ele amou até o fim, deu a vida, perdoou seus assassinos, não retrocedeu no anúncio e na prática do Reino.

Padres Santos

Esse é o ideal proposto a todos os padres, verdadeiros pastores do povo de Deus, no exemplo do Bom Pastor, do único Sacerdote. O Vaticano II propõe no Decreto Presbyterorum Ordinis, sobre a vida a o ministério dos padres: “Estão obrigados por especial razão a buscar essa mesma perfeição, visto que, consagrados de modo particular a Deus pela recepção da Ordem, se tornaram instrumentos vivos do sacerdócio eterno de Cristo, para poderem continuar pelos tempos afora a sua obra admirável, que restaurou com suprema eficácia a família de todos os homens. Fazendo todo o sacerdote, a seu modo, às vezes da própria pessoa de Cristo, de igual forma é enriquecido de graça especial para que servindo todo o povo de Deus e a porção que lhe foi confiada, possa alcançar de maneira conveniente a perfeição daquele de quem faz as vezes e cure a fraqueza da sua carne a santidade daquele que por nós se fez Pontífice `santo, inocente, impoluto, separado dos pecadores’ (Hb 7,26)” (PO 12).

Como encarnação e sacramento do sacerdócio de Cristo, os padres devem viver em santidade, apesar da humanidade deles e das dificuldades do pecado. Se quiserem ser bons pastores, o primeiro caminho que têm a empreender é o da santidade. Como os apóstolos na escola de Jesus, os padres são primeiramente discípulos, para fazerem a experiência do encontro com o Senhor e a Ele se converterem. É só nesse discipulado, que se tornarão verdadeiros missionários. Por isso, todos somos convidados a orar, neste mês, pela fidelidade e santificação dos presbíteros.


Pe. Vitor Galdino Feller
Diretor e professor de teologia no ITESC - Instituto Teológico de Santa Catarina
Anosacerdotal.org

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