sábado, 21 de novembro de 2009

FESTA DE CRISTO REI DO UNIVERSO





SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO

Ano B
Dn 7,13-14
Sl 92
Ap 1,5-8
Jo 18,33b-37

Homilia do Papa João Paulo II na Paróquia Romana da Santíssima Trindade

Neste domingo, que encerra o ano litúrgico, a Igreja celebra a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do universo. Escutamos no Evangelho a pergunta dirigida a Jesus por Pôncio Pilatos: «Tu és o rei dos judeus?» (Jo 18, 33). Jesus, por sua vez, responde perguntando: «Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que te disseram a Meu respeito?» (Jo 18, 34). E Pilatos responde: «Acaso sou eu judeu? O Teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?» (Jo 18, 35).

A este ponto do diálogo, Cristo afirma: «O Meu reino não é deste mundo. Se o Meu reino fosse deste mundo, os Meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue às autoridades dos judeus. Mas o Meu reino não é daqui» (Jo 18, 36).

Agora tudo é claro e transparente. Perante a acusação dos sacerdotes, Jesus revela que se trata de outro tipo de realeza, uma realeza divina e espiritual. Pilatos pergunta de novo: «Então, Tu és rei?» (Jo 18, 37). A este ponto Jesus, excluindo qualquer forma de interpretação errada da Sua dignidade real, indica a verdadeira: «Tu estás a dizer que Eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que está com a verdade ouve a Minha voz» (Jo 18, 37).

Ele não é rei no sentido que pensavam os representantes do Sinédrio: com efeito, não aspira a nenhum poder político em Israel. O Seu reino, pelo contrário, ultrapassa em grande medida os confins da Palestina. Todos os que estão com a verdade ouvem a Sua voz (cf. Jo 18, 37) e reconhecem n'Ele um Rei. Eis o âmbito universal do Reino de Cristo e a sua dimensão espiritual.

«Dar testemunho da verdade» (Jo 18, 37). A Leitura tirada do Livro do Apocalipse diz que Jesus Cristo é «a testemunha fiel» (1, 5). Ele é testemunha fiel porque revela o mistério de Deus e anuncia o Seu Reino já presente. Ele é o primeiro servidor deste Reino. Tornando- Se «obediente até à morte, e morte de cruz!» (Fl 2, 8), Ele dará testemunho do poder do Pai sobre a criação e sobre o mundo. E o lugar do exercício desta sua realeza é a Cruz, abraçada no Gólgota. A Sua foi uma morte ignominiosa, que representa uma confirmação do anúncio evangélico do Reino de Deus. Mas aos olhos dos seus inimigos, aquela morte deveria ter sido a prova de que tudo o que Ele havia dito era falso: «Se é o Rei de Israel... desça agora da cruz, e acreditaremos n'Ele» (Mt 27, 42). Não desceu da cruz mas, como o Bom Pastor, deu a vida pelas suas ovelhas (cf. Jo 10, 11). A confirmação do Seu poder real é dada pouco depois quando, no terceiro dia, ressuscitou dos mortos, revelando-Se «o primogênito dos mortos» (Ap 1, 5).

Ele, Servo obediente, é Rei, porque tem «as chaves da Morte e do Inferno» (Ap 1, 18). E, enquanto vencedor da morte, do inferno e de satanás, é «o Príncipe dos reis da terra» (Ap 1, 5). Com efeito, todas as coisas terrenas estão sujeitas à morte. Ao contrário, Aquele que tem poder sobre a morte, abre a toda a humanidade a perspectiva da vida imortal. Ele é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de toda a criação (cf. Ap 1, 8), por isso todas as gerações podem repetir: Bendito o Seu reino que está a chegar (cf. Mc 11, 10).

A Liturgia de hoje recorda-nos que a verdade acerca de Cristo Rei constitui o cumprimento das profecias da Antiga Aliança. O profeta Daniel anuncia a vinda do Filho do homem, ao qual foi dado «poder, glória e reino». Ele é servido por «todos os povos, nações e gentes» e o seu «poder é um poder eterno que nunca Lhe será tirado» (cf. Dn 7, 14). Sabemos bem que tudo isto encontrou o seu cumprimento perfeito em Cristo, na sua Páscoa de morte e ressurreição.

A Solenidade de Cristo Rei do universo convida-nos a repetir com fé a invocação do Pai Nosso, que o próprio Jesus ensinou: «Venha a nós o Vosso Reino». Venha a nós o Vosso Reino, ó Senhor! «Reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz» (Prefácio). Amém!


Papa João Paulo II
Homilia 23 de Novembro de 1997

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