domingo, 23 de agosto de 2009

Evangelho: ser um milagre para os demais




XVII Dom do Tempo Comum
Ano B
2Rs 4,42-44
Sl 144
Ef 4,1-6
Jo 6,1-15


Evangelho de Domingo: ser um milagre

Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, Bispo de Huesca e de Jaca


HUESCA, sexta-feira, 24 de julho de 2009 (ZENIT.org) - Publicamos o comentário ao Evangelho deste domingo (João 6, 1-15), XVII do tempo comum, oferecido por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, Bispo de Huesca e de Jaca.

* * *

O Evangelho deste domingo dá sequência ao da semana passada onde Jesus percebeu outro tipo de carência, talvez mais elementar mas igualmente evidente, entre aquela multidão que o seguia: não só não tinham pastor e precisavam de ensino, mas tampouco tinham pão, e então, igualmente precisavam de alimento: “Jesus, ao ver que muita gente se reunia disse a Felipe: com que compraremos pães para que comam?”. Em meio à estranheza de Felipe chega André e aponta uma solução: aqui há um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas o que é isto para tanta gente?

A evidente provocação estava servida, e ante a desmedida missão de ter que alimentar tantos com tão pouco, era lógica aquela reação dos discípulos: isso nos supera, não sabemos o que fazer nem por onde começar. Como diz o Evangelho de Marcos: “vamos comprar duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?”.

Jesus fez esse milagre ante todos, e ficou manifesta a grandeza de Deus... mas através da pequenez humana: foi realizado com a ajuda humilde do menino que encontrou André, com seus cinco pães e seus dois peixes. É um impressionante testemunho de como Jesus não quis mostrar-nos um rosto de Deus auto-suficiente e depreciativo com respeito a seus filhos, mas que – por assim dizer – quis ter necessidade de nossa pequena colaboração humana para que sua grandeza divina possa ser manifestada.

Outras fomes de outros pães têm atingido nossa querida humanidade: a paz, o trabalho, a justiça, o amor, o respeito, a esperança, a fé, a verdade... e um longo etcétera tão imenso quanto a própria humanidade. São muitas as fomes dos homens. Talvez haja quem espere de Deus um milagre sonoro e estrondoso. Enquanto Jesus continuará nos dizendo como então: dai-lhes vós de comer, buscai o pão adequado para essas fomes concretas. Então sentiremos o mesmo estupor que sentiram os discípulos no lago da Galiléia. Jesus continua fazendo milagres, mas estes passam por nossas mãos, nosso coração, nossos olhos, nossos lábios: Ele precisa também hoje de nossos pães e nossos peixes, para dar de comer à multidão de tão diversas fomes. O milagre somos nós, que oferecendo nossa pequenez, Deus converte em grandeza, em sinal. E também hoje as pessoas ficarão saciadas. Não vemos a fome? Não nos vemos como o pão que é partilhado pelas mãos de Jesus? Deixemo-nos tomar, partir e repartir, deixemo-nos ser milagre para os demais.

Dom Jesús Sanz Montes, ofm
Bispo de Huesca e de Jaca

Nenhum comentário:

Postar um comentário